Os últimos meses mudaram complemente a dinâmica de nossas vidas. Tivemos que readaptar nos hábitos sociais, adotar medidas profiláticas e repensar o futuro de nossas vidas. As mudanças trazidas pelo COVID-19 e as medidas restritivas impostas por prefeitos e governadores tiveram efeitos drásticos não apenas nos nossos hábitos pessoais, mas principalmente na economia, que afeta diretamente nossas finanças, emprego e capacidade de investir e inovar.
Apenas em Santa Catarina o número de desempregados já ultrapassou 500 mil. Milhares de empresas fecharam e os indicadores do PIB brasileiro e das contas públicas tanto no âmbito nacional, estadual e municipal são desanimadores. O fato é que estamos navegando em águas turbulentas e misteriosas.
Contudo, como em todas as crises, as oportunidades surgem. Portanto, para sairmos mais fortalecidos dos obstáculos impostas pela pandemia e medidas de restrição econômica, é preciso que a classe política faça sua parte e possibilite que o setor privado assuma as rédeas do desenvolvimento socioeconômico do país.
A grande oportunidade que a crise do coronavírus está trazendo é intrinsicamente relacionada com a atual dinâmica da produção industrial mundial. Afinal de contas a China, desde o início do século, é a origem de grande parte dos produtos consumidos no mundo. Entretanto, o acirramento das disputas políticas, econômicas e ideológicas entre a China e o Ocidente propiciam uma reorganização das cadeias mundiais de produção e distribuição de bens. Afinal, ficou evidente que grandes potências mundiais estão economicamente dependentes de um país, onde a liberdade, a transparência e o império da lei não são a regra – os riscos desta dependência são demasiados.
Logo, chegou o momento de outros países asiáticos, latino-americanos e africanos se reposicionarem no cenário econômico mundial para atraírem investimentos estrangeiros que possibilitem mudar o centro de produção industrial do mundo. Porém, só terão sucesso os países que realizarem reformas econômicas, políticas e jurídicas que atraiam o investimento do setor privado.
No Brasil, os membros dos poderes executivo, legislativo e judiciário precisarão estabelecer uma agenda de reformas que posicione o Brasil como um dos líderes da nova dinâmica da globalização econômica.
Primeiramente, é necessária uma reestruturação do setor público brasileiro, que possa garantir a sustentabilidade fiscal do país e fomentar investimentos e inovações do setor privado. Está reestruturação será estabelecida com a aprovação das reformas do “Pacto Federativo”, simplificação de impostos, privatizações e um processo de desburocratização e desregulamentação de leis e normas arcaicas, que nada contribuem para um desenvolvimento sustentável do país. As reformas da reestruturação do setor público podem reduzir os riscos de investimentos do país, melhorar o cenário macroeconômico e promover o setor privado, que é mais inovador e eficiente, como líder do desenvolvimento do país.
Também serão essenciais projetos que aumentem a produtividade do Brasil. Isto pode se dar com um maior e mais eficiente investimento em capital físico (infraestrutura) e capital humano (saúde, educação, nutrição, etc.). Investimentos nessas áreas irão trazer melhor qualidade de vida para a população, além de aumentar a dinamicidade da economia nacional.
Por fim, é preciso que o judiciário e legislativo desenvolvam um ambiente jurídico que de confiança para o setor privado investir no país. Atualmente, os custos, a demora e a falta de consistência das decisões judiciais criam um clima de insegurança jurídica e reduzem a capacidade de crescimento econômico do Brasil.
Se os legisladores, gestores públicos e membros do judiciário foram capazes de construírem uma agenda de transformação do cenário socioeconômico do país, o futuro, ao invés de ser incerto e nebuloso, pode se tornar esperançoso e radiante. Porém, a grande questão vai continuar a ser, se a nossa classe política será capaz de pensar no interesse da nação ou se ela continuará pensando nos seus interesses privados.
“O Brasil é o país do futuro, mas para tanto é preciso decidir que o 'futuro' é amanhã. E, como bem sabem, isto significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje”.
Margaret Thatcher
Por João Victor da Silva
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